Artigo de 2009 - Eticamente verde e azul

Eticamente verde e azul




Guilherme Arantes sintetiza, de modo singelo, o mundo em que vivemos em: “Terra! Planeta Água” — diz o cantor. Mais de dois terços da superfície da Terra são recobertos de água. Consciente de que a água é fonte da vida e, portanto, fundamento da própria humanidade, o governo estadual mudou o nome do Programa Município Verde, que passou a se chamar Programa Verde e Azul.


Não se trata de mera troca de nomes, mas de mudança de filosofia. São Paulo foi o primeiro Estado a aderir ao Consenso de Istambul, extraído do 5º Fórum Mundial da Água, realizado na Turquia em março, que considera o acesso à água como direito de todos os seres humanos, essencial para o desenvolvimento social, econômico e cultural dos povos. O Pacto São Paulo pelas Águas, assinado recentemente em Bocaina, foi um avanço nesse sentido. Assim como a criação da Comissão Águas de Sorocaba, outro importante instrumento na proteção dos nossos aquíferos e mananciais.


Segundo dados da ONU, para produzir os alimentos necessários para o consumo diário de uma só pessoa são necessários 3 mil litros de água. Se não gerirmos racionalmente a água, vamos colocar em risco a sobrevivência da humanidade. Cuidar do meio ambiente tornou-se uma questão profundamente ética. E Sorocaba começa a se conscientizar disso.


Mas há muito por fazer. Um dos graves problemas do município é a exploração indevida das águas subterrâneas. Sorocaba conta com 376 poços cadastrados, mas, somando-se aos clandestinos, o total chega a 500, o que significa um dano incomensurável para o meio ambiente.


Com o objetivo de contribuir para a solução desse problema, apresentamos projeto de lei que estabelece normas para o transporte e a distribuição de água natural ou potável em Sorocaba. O projeto determina que a água transportada seja acompanhada por documentação que comprove sua origem e qualidade, sob pena de multa e até suspensão do serviço.


Parafraseando Guilherme Arantes, se as águas movem moinhos, encharcam o chão e voltam humildes para o fundo da terra, também temos que ser humildes ao retirá-las de lá. Respeitar a água é respeitar a nós mesmos. Só assim será possível construir um município eticamente verde e azul, capaz de compreender que o desenvolvimento ambiental não é concessão do desenvolvimento econômico, mas condição necessária para uma humanidade seja sustentável.



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